Terceira escola a
desfilar neste domingo (27), a Imperatriz Leopoldinensse levou à Sapucaí a
riqueza da fauna e flora do Xingu para dar vida ao enredo sobre a resistência
da cultura indígena da região amazônica.
Com carros grandiosos
e alas exuberantes, a escola mostrou tradições sagradas conectadas à natureza
até as ameaças que assolam os índios, como doenças, exploração do homem branco
e agrotóxicos.
Cahê Rodrigues é o carnavalesco da Imperatriz Leopoldinense pelo quinto ano consecutivo (Foto: Rodrigo Gorosito/G1) |
Coreografada por
Claudia Mota, primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio, a comissão de
frente levantou o público.
O carro abre-alas
"Templo Sagrado", representando o Kuarup, nome de uma madeira e de um
ritual sagrado indígena, trazia como um dos destaques o Pajé Sapain, de 102
anos, principal liderança do Xingu.
O segundo carro, em
forma de um jacaré gigante, representava a fauna amazônica. No alto, uma
ararinha-azul gigante subia a até 14 metros de altura, impulsionada por um
motor hidráulico.
A escola inovou quando
a bateria fez uma paradinha para deixar apenas os repiques tocando e quando os
puxadores se calaram enquanto os integrantes levarem o samba-enredo só no gogó.
Raoni e outros indígenas participam do desfile da Imperatriz Leopoldinense (Foto: Alexandre Durão / G1) |
A escola não só levou
a cultura do Xingu para a avenida como também elevou à condição de destaque
muitas das lideranças indígenas. O Cacique Raoni estava no samba-enredo (“Jamais
se curvar, lutar e aprender / Escuta menino, Raoni ensinou”), em um carro
alegórico e nas fantasias dos ritmistas da bateria.
Com 3.200 componentes,
29 alas, seis carros e um tripé, a escola mesclou em uma narrativa feita de
samba, plumas e pau-brasil as tradições indígenas. As alas homenageavam a
diversidade cultural ao mostrar as 16 etnias que vivem no Parque do Xingu e a
riqueza da fauna e flora (tatu, gavião real, guariba, tucunaré e onça pintada).
Mas não esqueceu o
sofrimento desses povos. Estavam representadas ainda a exploração do índio pelo
homem branco e as doenças. O casal mais respeitado da escola desfilou no chão,
vestidos de vermelho com a fantasia "Dor é minha cor". Embalando essa
parte crítica do desfile, o samba cantava, “Sou filho esquecido do mundo, minha
cor é vermelha de dor”.
A Imperatriz mostrou
sincronia entre enredo, bateria e samba-enredo já na comissão de frente.
Fantasiados como gaviões-reais, aves símbolo do Xingu, os passistas simulavam
um ritual de proteção da região amazônica em torno de uma grande Oca.
Em um momento da
dança, a bateria fez uma paradinha em que todos os instrumentos pararam de
tocar, com exceção dos repiques. Em seguida, o surdo voltou a tocar, imitando
um batuque indígena.
A Imperatriz Leopoldinense colocou 6 alegorias e um tripé na avenida (Foto: Alexandre Durão/G1) |
No auge da coreografia
da comissão de frente, em que os puxadores cantavam “liberdade”, a Oca se abre
como uma flor e levanta os passistas, que simulam uma revoada dos gaviões reais.
Fuente: Globo.com - Rede Globo - 27 de Febrero de 2.017
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/carnaval/2017/noticia/imperatriz-leopoldinense-leva-colorido-e-resistencia-indigena-para-sapucai.ghtml
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