Calce os meus sapatos!
Caminha do meu lado e calce meus sapatos.
Sinta as pedras que tropecei.
As línguas ferinas que rasgaram a carne do meu corpo, em pura demonstração de ódio, arrogância e prepotência.
Calce os meus sapatos.
Falar sobre mim aí, em cima de seu trono não alcançará as cavernas e poços que entrei. Muitas vezes rastejando e deixando as peles como oferenda.
Olhar pelo prisma de sua visão embaçada e em preto e branco, não dará a você, nem de longe, a idéia das maravilhas que encontro em meu caminho encantado e colorido.
Além de perfumado!
Calce os meus sapatos.
Parece fácil andar pelas trilhas, ladeiras e estradas que percorri. Afinal você é detentora dos mapas, dos teóricos!
Mas eu te convido ao território.
Calce meus sapatos.
Descubra como meus pés descobriram, todo buraco, toda pedra, todo desnível, todo cansaço...mas seguiu e não quer mais pisar em terreno alheio, pois entendeu ser solo sagrado.
E esses pés ensinaram ao coração que, não se disputa espaço em jornada de alma, não se compara pegadas, não se ilude com brilhos....porque oásis muitas vezes é alucinação e real mesmo, são as marcas que ficam e ensinam.
O resto, é perfumaria!
Calce os seus sapatos!
Caminhe sua jornada.
Rose Ponce
Pará Poty Mirim
Fotografía Adamchuk Yonathan Fotografia Documental en Tekoa Mbya Guaraní Jasy Pora
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